”Um filme obrigatório para qualquer pessoa que se importe com a saúde das nossas crianças” - Jamie Oliver, chef britânico e apresentador de TV
Pela primeira vez na história da humanidade,
crianças apresentam sintomas e doenças de adultos. Não é raro encontrar nos
consultórios meninos com problemas coronários, deficiência respiratória,
depressão e diabetes. E o mais preocupante é que todas essas patologias têm sua
origem relacionada ao excesso de peso.
Esse cenário levou a diretora e roteirista Estela
Renner a fazer o filme Muito Além do Peso. O documentário pretende mostrar o
impacto negativo da obesidade na infância – no Brasil já são 33,5% de crianças
com sobrepeso – e tenta buscar soluções para um dos maiores problemas de saúde
pública no mundo.
Em cerca de 1 hora e 20 minutos, Estela conta
histórias reais e alarmantes de famílias cujas crianças estão com excesso de
peso. A diretora, que correu o Brasil de Norte a Sul, entrevistou personagens de
todas as classes sociais – mostrando que esta é uma questão generalizada – e
colheu depoimentos de especialistas brasileiros e estrangeiros.
Logo no início, o documentário revela a distância
existente entre o universo infantil e a alimentação saudável. A partir de um
teste de adivinhação, a diretora comprova que nossas crianças não sabem
reconhecer uma fruta, legume ou verdura. “Você sabe que fruta é essa?”, pergunta
Estela ao mostrar uma nectarina a um garoto. Manga, responde ele. Em outro
exemplo, um menino chega a confundir um pimentão com um abacate.
A diretora da School Food Project, Ann Cooper,
uma das entrevistadas no filme, defende, como solução para essa lacuna, a
promoção de ações educativas nas instituições de ensino infantis. “Não usamos
álgebra, nem ciências diversas vezes ao dia, mas o que fazemos várias vezes ao
dia durante toda nossa vida é comer. Por isso, a alimentação deve ser assunto
tão importante nas escolas quanto matemática, ciência e outras matérias”,
afirma.
Mas a mudança no processo educacional defendido
por Ann é apenas uma das frentes de atuação necessárias. O filme deixa claro que
a discussão sobre o combate à obesidade infantil é ampla e evolve uma complexa
dinâmica entre pais, escolas, governo e indústria.
Um dos mais assombrosos dados relatados pela
diretora, por exemplo, é o consumo desenfreado de refrigerantes, ora
responsabilidade da família que não impõe limites para o consumo do produto, ora
culpa das indústrias e sua publicidade arrebatadora. “E se eu te contar que uma
latinha de refrigerante tem o equivalente a 7 saquinhos de açúcar”, diz a
diretora a um pai. Essa informação torna-se ainda mais alarmante quando o filme
mostra que 56% das mães brasileiras dão refrigerante nas mamadeiras a crianças
com menos de 1 ano.
Pela
gravidade do problema e o didatismo da obra, assistir ao documentário deve ser
programa obrigatório de todas as famílias e instituições que se preocupam com a
saúde e com o futuro das crianças. O filme pode ser assistido gratuitamente no
site: www.muitoalemdopeso.com.br
Abílio Diniz
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